Começo, meio e... fim?

21-05-2019

Começo, meio e... fim?

Fundado em 17 de novembro de 2003 por um grupo de biomédicos da capital paulista preocupados com a falta de representatividade sindical da categoria e o consequente sentimento de desassistência dos direitos trabalhistas de seus profissionais (o estado de São Paulo concentra o maior número de biomédicos do país), o Sindicato dos Biomédicos Profissionais do Estado de São Paulo (SINBIESP) tornou-se ao longo do tempo um dos principais pilares de apoio de toda a categoria, colaborando com a formação de novos sindicatos pelo país e da Federação Nacional.

Toda profissão e todo profissional precisa de entidades que defendam suas prerrogativas tanto no ponto de vista da profissão (os conselhos profissionais) quanto do profissional (sindicatos).

Uma das principais dificuldades do SINBIESP no início das primeiras negociações, em 2006, foi a fixação do piso salarial da categoria, visto que, até então sem representatividade sindical própria, os biomédicos estavam sujeitos a remunerações baseadas no salário mínimo ou em pisos de outras profissões da saúde.

Entenda-se como piso salarial o menor salário pago a um trabalhador dentro de uma categoria profissional específica, formada por empregados de diversas funções num mesmo setor de atividade econômica.

O fechamento do primeiro acordo coletivo de trabalho, com o Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas do Estado de São Paulo (SINDHOSP), ainda em 2006, foi uma das conquistas iniciais do SINBIESP e representou expressivo avanço para os profissionais envolvidos. Naquele ano, saímos do piso básico da saúde, na época R$ 490,00 (quatrocentos e noventa Reais), para o piso salarial do biomédico de R$ 1.250,00 (um mil, duzentos e cinquenta Reais). Sem dúvida, uma conquista jamais vista em convenções coletivas!

Defendemos nossa prerrogativa de profissionais liberais que possuíam seu próprio sindicato e não poderiam se enquadrar em um sindicato genérico da saúde que não contemplava os biomédicos.

As negociações foram avançando ano a ano, somando-se aos benefícios conquistados. Atualmente refletem um valor que não supre as necessidades de um profissional com o perfil do biomédico, mas avança no sentido de remunerar os profissionais no início de carreira e a manutenção de postos de trabalho. Em uma grande cidade como São Paulo, há que se pensar em melhor remuneração negociada através de convenção coletiva, mas também manter a empregabilidade de nossos profissionais. E a busca deste equilíbrio é tarefa diária do Sindicato.

Durante estes 16 anos de existência o SINBIESP enfrentou o maior problema que um sindicato pode enfrentar: o descaso do profissional para com a instituição que o defende e ampara. Por ser uma jovem profissão, a Biomedicina não possui a cultura do sindicalismo e durante este tempo vivenciamos o dia a dia com pouco recurso e muito trabalho.

Após a edição da reforma trabalhista em 2017, ficou facultado ao empregado o pagamento da contribuição sindical e assistencial, uma tentativa do Governo Federal de enfraquecer a força de trabalho nacional, colocando os trabalhadores na mão das empresas. Uma receita que nunca dará certo, pois a luta é desigual. De certa forma o empregado sempre estará na mão do empregador, considerando também que a população brasileira fica subjugada sem poder algum de pleitear direitos ou benefícios, uma situação desigual onde o mais fraco não logra êxito na negociação.

Sem o interesse dos profissionais biomédicos os sindicatos não conseguem se manter até no básico (aluguel, jurídico, contabilidade, informática, funcionário, e itens de necessidade) e tendem a fechar por falta de recurso financeiro para manutenção.

Atravessamos um período muito ruim em 2018 e o quadro que se anuncia em 2019 é ainda pior. Precisamos urgentemente de apoio maciço dos biomédicos do estado para revertermos esta situação. Nossa data-base é setembro e, com certeza, sem apoio não teremos condições de, pela primeira vez em 16 anos, fechar convenção coletiva com os principais sindicatos patronais do estado.

O começo é motivado e feliz, o meio são pedras pelo caminho, o fim é a situação mais triste que se pode enfrentar.

Pela Biomedicina e pelos nossos profissionais, contamos com vocês!!

Dr. Luiz Guedes
Presidente do SINBIESP



Fonte: Texto originalmente divulgado na Revista do Biomédico (Edição 123 – março-abril/2019), publicação do Conselho Regional de Biomedicina 1ª Região (CRBM1) – Artigo – Sindicalismo em pauta, pág. 20